Especialistas trabalham para recuperar área do Parque do Cocó atingida por incêndio florestal.

 










A titular, Vilma Freire, da Secretaria do Meio Ambiente e Mudança do Clima (SEMA) , esteve na manhã desta quinta-feira (25), na área do Parque Estadual do Cocó, atingida por incêndio, na última semana. Ela visitou o local com o Grupo de Trabalho Técnico (GTT) que avalia o solo e a vegetação queimados para diagnóstico inicial  dos impactos. De acordo com a secretária, o trabalho que se inicia hoje deverá ser encerrado em dez dias. “Em seguida, vamos iniciar ações para recuperação da área degradada, a partir das indicações do estudo realizado pelo grupo”, disse.


Sobre as investigações para tipificar se o incêndio foi criminoso ou não, Vilma afirmou que a SEMA não entra nesta “seara”. “Não queremos interferir no trabalho que está sendo muito bem feito pela Perícia Forense, que  segue colhendo e analisando material”, declarou. Ela fez questão de ressaltar a equipe que compõe o  GTT, sob a orientação do professor Luiz Ernesto Bezerra, coordenador do Programa Cientista Chefe Meio Ambiente Sema/Funcap. “Com certeza vai nos trazer  um  bom diagnóstico do solo e da flora”, encerrou.


O coordenador informou que professores da UFC, Uece e  do Labomar, integram a equipe multidisciplinar de especialistas em solo,  flora e manguezais.  “O nosso primeiro passo é fazer um diagnóstico e para isso, já  foram identificados os três ambientes  que existiam na área antes do sinistro:  uma parte  são dunas,  a parte central e a mais impactada, um brejo,  que no período chuvoso alagava com água doce,  e mais perto do rio, uma vegetação de mangue”, relatou. Hoje pela manhã, o grupo fez uma coleta para avaliar o tipo de solo. “Muito importante para o diagnóstico e para propor ações de como restaurar a área”, completou.


Vegetação  nunca cresceu


O pesquisador esclareceu que o histórico da área afetada já foi feito. No local existia uma salina e devido à presença de sal, provavelmente, a vegetação nunca cresceu, principalmente na parte central, a mais atingida pelo fogo. “É visível que já era impactada e que necessitava de ações, pois o mangue aqui não se recupera, como não se recuperou desde os anos 1970!”, alertou. Trata-se de uma área muito baixa, onde ficavam os tanques da salina. Quando chovia, virava um alagadiço e na estiagem aparecia um capim, a taboa, muito propensa ao fogo. “Nessa área central é pouco provável que o plantio funcione devido ao sal, mas na área de mangue, pode ser que seja possível fazer um replantio, trazer muda e plantar”, afirmou.


Perguntado sobre o tempo necessário para recuperar a área, o especialista explicou que qualquer projeto para recuperação  de um mangue,  mesmo que se faça o plantio, o tempo para ter  resultado é de pelo menos  cinco anos. “Aqui vai depender de quanto vai chover, vai depender também do tipo de ação. Em muitos casos, a única coisa a fazer é não fazer nada. Dependendo do impacto, o manguezal rapidamente se autorregenera”, explicou. “Se a Sema quiser que tudo seja mangue, será necessário uma grande intervenção e vai depender do que  quer que seja feito e de quanto tem para fazer”, completou.


Equipe


O professor Ernesto é um especialista em recuperação de manguezais, assim como o professor Gabriel Nuto, do Departamento de Solos da UFC, é quem está fazendo todas as análises da composição do solo.  Também no grupo, o professor Marcelo Moro, especialista em vegetação  e biodiversidade, o professor Rafael  Costa, do Departamento de Biologia da UFC, outro especialista em vegetação, e  o  professor Alexandre Torres da Geografia,  especialista  na área de Gestão Ambiental. “A ideia é que o grupo acompanhe o trabalho a longo prazo”, encerrou.


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