Pipeiros bloqueiam rodovias em cinco municípios cearenses contra atraso de pagamentos

 


Pipeiros bloqueiam rodovia por falta de pagamentos

Pipeiros bloqueiam rodovia por falta de pagamentos / Crédito: Reprodução/ leitor via WhatsApp O POVO


Pipeiros bloquearam, na manhã desta quinta-feira, 27, pontos em rodovias de cinco municípios cearenses. Segundo a Defesa Civil de Quixadá, os pontos são no Município (BR122), além de Catunda (CE-176), Maranguape, Pedra Branca (Santa Cruz do Banabuiú - BR 020) e Quixeramobim. Mobilização é contra o atraso de pagamentos do Programa Operação Carro-Pipa (OCP).

Conforme os trabalhadores,  as remunerações não são feitas desde novembro de 2024, o que coloca em risco o abastecimento de água potável em algumas comunidades rurais. 

 José Airton, pipeiro em Mombaça, no interior do Ceará, relata a dificuldade de continuar trabalhando sem pagamento. “A situação está insustentável. Estou entregando minha última carga de fevereiro e só volto quando recebermos. Minha família já está passando necessidade, não tenho mais como custear o serviço. Infelizmente, quem mais sofre com isso são as comunidades que dependem da água”, lamenta.

Segundo a Defesa Civil de Quixadá, os outros pontos de paralisação são Catunda (CE-176), Maranguape, Pedra Branca (Santa Cruz do Banabuiú - BR 020) e Quixeramobim.

Impasse orçamentário e indefinição nos pagamentos

Em nota, o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) afirmou que aguarda a aprovação da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2025 e a publicação do decreto de contingenciamento para destinar recursos ao programa.

O Operação Carro-Pipa atende comunidades sem acesso a abastecimento hídrico e só pode ser acionado quando os municípios decretam situação de emergência por estiagem ou seca. Após o reconhecimento federal, os pipeiros são contratados para transportar a água até as áreas afetadas. 


Pipeiros denunciam falta de informações

Os trabalhadores relatam que não recebem respostas concretas sobre a regularização dos pagamentos. O Exército Brasileiro, responsável pela gestão dos contratos, afirma que a liberação dos recursos depende do Ministério da Defesa, que, por sua vez, aguarda os repasses do Governo Federal.

“Estamos há meses sem receber. Muitos pipeiros estão endividados, sem dinheiro para abastecer os caminhões e pagar funcionários. É uma situação absurda, levamos água para quem precisa, mas nossas próprias famílias estão em risco por falta de pagamento”, desabafa Eduardo Aragão, pipeiro que atua em Quixadá, Campos Sales e Canindé, no Ceará.

Diante do impasse, muitos pipeiros já interromperam o serviço, enquanto outros alertam que, sem o pagamento até março, terão que parar.

Para Júnior Mourão, coordenador da Defesa Civil de Quixadá, a paralisação pode gerar um colapso hídrico em diversas comunidades do Semiárido nordestino. “Mesmo com o início da quadra chuvosa, muitas famílias dependem exclusivamente dos caminhões-pipa, pois não há infraestrutura adequada para armazenamento e distribuição de água. Sem o serviço, o risco de insegurança hídrica aumenta, forçando moradores a recorrer a fontes alternativas, muitas vezes insalubres, como cacimbas e poços improvisados”, explica.

O coordenador destaca ainda que o programa Operação Carro-Pipa, apesar de ser uma solução emergencial, é essencial para garantir o acesso à água em regiões onde não há sistemas de abastecimento nem mananciais próximos. “Sem os pipeiros, essas comunidades ficam completamente desassistidas”, disse.


                                                  o povo 

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