Santa Quitéria: Justiça libera da prisão domiciliar prefeito Braguinha, preso antes da posse

 


Braguinha (PSB), prefeito reeleito de Santa Quitéria, foi preso horas antes da posse

Braguinha (PSB), prefeito reeleito de Santa Quitéria, foi preso horas antes da posse / Crédito: Reprodução/Redes Sociais


O prefeito reeleito de Santa Quitéria, José Braga Barrozo, o Braguinha, foi liberado da prisão domiciliar na qual estava desde janeiro. A decisão foi do desembargador eleitoral Luciano Nunes Maia Freire, que considerou o estado de saúde do prefeito. O afastamento da Prefeitura foi mantido.

Em decisão na noite da terça-feira, 18, o magistrado considerou o estado de saúde de Braguinha. Em substituição à prisão domiciliar, foram aplicadas medidas cautelares. Santa Quitéria fica a 223 quilômetros de Fortaleza.

Quadro médico de Braguinha

A defesa argumentou que a prisão domiciliar teria agravado o quadro de saúde já debilitada do prefeito afastado. Relatório médico apresentado apontou que o sedentarismo teria representado ganho de peso significativo e picos de pressão intermitentes. Haveria necessidade de atividade física e exercícios aeróbicos diariamente, além da realização constante de exames médicos.

"(...) parece-me que a manutenção desnecessária do recolhimento domiciliar certamente ensejará sérias complicações do estado de saúde desse denunciado", aponta a decisão. "(...) tenho a compreensão de que a manutenção do obrigatório recolhimento domiciliar do denunciado José Braga Barrozo é medida que se revela excessiva e, além disso, sem qualquer utilidade prática", acrescenta.           


O desembargador considerou ainda as "condições pessoais favoráveis do requerente, os seus antecedentes, e por não vislumbrar qualquer risco de reiteração criminosa, pois ultrapassado o período
eleitoral".

Afastamento mantido

Já o pedido para revogar o afastamento de Braguinha do cargo de prefeito foi negado por Luciano Nunes Maia Freire. "(...) não vejo como deferi-lo, diante do trâmite processual da ação penal correlata e da permanência da mesma situação fática que ensejou a decisão judicial cautelar de afastamento das funções".

Segue em exercício na Prefeitura, interinamente, o vereador Joel Barroso (PSB), presidente da Câmara Municipal de Santa Quitéria e filho do prefeito Braguinha.  A própria eleição de Joel para a mesa diretora é questionada, pois ele está no terceiro mandato consecutivo, algo que o Supremo Tribunal Federal (STF) já proibiu. Mas, como ele tomou posse no primeiro mandato na mesa diretora em 1º de janeiro de 2021, e a decisão do Supremo foi de 7 de janeiro daquele ano, Joel e outros presidentes de câmara pelo Ceará têm entendido que a proibição só vale para os dois mandatos para os quais foram eleitos dali em diante.            


A situação ocorre em outros municípios cearenses, onde o Ministério Público tem pedido o afastamento dos presidentes de câmaras.

Braguinha já havia sido afastado da Prefeitura no primeiro mandato, em 2023, acusado de irregularidades na administração.


Medidas cautelares

Para Braguinha deixar a prisão domiciliar, Luciano Nunes Maia Freire estabeleceu as seguintes condições:

  • Comparecimento semanal ao Cartório do Juízo Eleitoral da Zona de Santa Quitéria para informar detalhadamente as atividades desenvolvidas;
  • Proibição de ausentar-se do Estado do Ceará sem prévia autorização judicial;
  • Proibição de manter qualquer espécie de contato com os demais denunciados, as testemunhas do processo e quaisquer pessoas que tenham alguma relação (direta ou indireta) com os fatos narrados na denúncia criminal;
  • Comparecimento a todos os atos da instrução processual.

O magistrado diz na decisão: "Esclareço que o descumprimento de quaisquer dessas medidas cautelares, ainda que minimamente, poderá ensejar o imediato restabelecimento do decreto prisional preventivo."

A prisão domiciliar

A prisão preventiva de Braguinha e mais oito réus foi decretada em 31 de dezembro de 2024 pelo presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE), Raimundo Nonato Silva Santos, em razão do recesso judiciário. Braguinha foi preso pela Polícia Federal em 1º de janeiro de 2025, pouco antes de tomar posse no mandato para o qual havia sido reeleito. A prisão foi mantida após audiência de custódia. O prefeito foi levado ao Centro de Triagem e Observações Criminológica (Cetoc) da Polícia Federal.

A defesa pediu a substituição da prisão preventiva por prisão domiciliar, em razão das condições de saúde: perna amputada com uso de prótese e doença cardíaca com elevado risco de infarto e acidente vascular cerebral (AVC). Caso não fosse atendida, a defesa apontou como alternativa a transferência para o quartel da 4ª Companhia do 1º Batalhão do Corpo de Bombeiros, no bairro José Walter, em Fortaleza, onde haveria melhores condições para atender as necessidades. 


O Ministério Público se manifestou contra a prisão domiciliar e a favor da transferência para o quartel dos Bombeiros, em caso de disponibilidade. A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informou não dispor de local com as condições necessárias. Então, em 5 de janeiro, o presidente do TRE-CE concedeu a prisão domiciliar, com uso de tornozeleira eletrônica

O processo no Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) tem número 0600001-85.2025.6.06.0000.

                                        o Povo 

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